Estou envolvido em diversos grupos de triatlo e atualmente, a discussão gira em torno de Pablo Marçal. Por quê? Ele completou um Ironman e um Ultraman, ambos triatlos de longa duração, após apenas 40 dias de treino. Tais competições são, em geral, concluídas por indivíduos altamente preparados que dedicam meses de treinamento.
As críticas foram ferozes, afinal em grupo de triatletas o que mais se vê são pessoas que dedicam o dia, a semana e vários meses do ano, combinando boa alimentação, qualidade de sono e longos treinamentos para completar ou melhorar seu tempo em provas como o Ironman. Eu, por exemplo, treino por 6 meses e deixo de lado compromissos sociais e coisas que gosto, como beber cerveja no final de semana, para me sentir pronto para a prova.
O grande ponto, é que Pablo Marçal passou a ser visto a partir daí como uma pessoa a ser erradicada da sociedade na visão dos triatletas e nada do que ele dissesse, absolutamente nada, deveria ser levado em consideração.
Pois bem, decidi ir lá no Youtube e conhecer o sujeito. Entender a história e saber se algo que ele falava poderia ser aproveitado. Minha conclusão: É possível absorver parte do que ele diz, talvez 20%, em alguns casos 80%, mas assumir uma postura repulsiva e taxa-lo como um ser a ser abominado me parece exagerado. O rapaz tem boa oratória, consegue falar bem para uma audiência que busca motivos para mudar de vida, enfim… tem lá suas qualidades.
Talvez ele seja sim, um outlier, alguém dotado de uma força mental e física diferenciada, e daí? Temos tantos exemplos na sociedade: Mark Zuckemberg e Bill Gates largaram Harvard e foram trabalhar numa ideia que poderia dar muito errado. Quem de nós faria o mesmo? Imagine você ligando para sua mãe e falando: “Vou largar Harvard, pois tive uma ideia que acredito e vou focar nela”. Estes indivíduos são exceções, outliers, sujeitos que fogem ao comum. Não é todo dia que você vê um bilionário saindo de uma empresa fundada na garagem de casa, nem tão pouco uma pessoa que em 40 dias se prepara para um Ironman.
Eu tenho críticas sobre Pablo Marçal, principalmente sobre sua mensagem que se ele pode fazer, todos podem, basta querer. Seria o mesmo que Bill Gates e Mark Zuckemberg pregarem o mesmo. Qual chance de nós ficarmos bilionários, abandonando tudo e abrindo uma empresa na garagem de casa? Estatisticamente falando é um número cheio de zeros depois da vírgula e com um 1 lá no final. Portanto, devo eu focar, em treinar e trabalhar mais e melhor, assim como a grande maioria da população, ou insistirei em me ver como um outlier, que treina por 40 dias e que mentaliza a riqueza com a expectativa de materialização futura?
Bem… cada um tem sua própria sentença. Eu já tenho a minha: continuarei com meus treinos, meus estudos e trabalho na busca de um eu que é melhor dia após dia, com o esforço e o suor que ambos requerem. Isso me faz sentir dono do meu caminho e a assumir a responsabilidade de carregar nas costas o peso da bagagem que eu mesmo escolhi.