Comecei a escrever este texto, com o objetivo de definir felicidade. Minha ideia inicial era juntar o meu conhecimento acumulado com a leitura de livros, palestras e cursos que participei com o objetivo de traduzir em palavras, de forma estruturada, o que eu penso sobre felicidade. Depois de trabalhar algumas semanas e produzir algumas páginas, me dei conta que o tempo todo eu referenciava os conceitos trazido por Platão, Aristóteles, Nietzsche e tantos outros filósofos, mas pouco falava o que o eu, Paulo, pensava e vivenciava. É claro que somos a junção do que herdamos dos nossos pais, dos caminhos que escolhemos, do ambiente em que vivemos, das pessoas com que nos relacionamos, e de todo o conhecimento que adquirimos, portanto, o texto escrito sempre carrega estas variáveis próprias de cada um de nós.
Falar sobre felicidade, mencionando filósofos traz credibilidade ao texto e no fundo o que eu busco ao escrever a respeito é solidificar este conhecimento que fui acumulando, afinal escrever e dar aula, são a meu ver a melhor forma de fazer isso. É bem provável que eu saia, após a escrita deste texto com mais clareza sobre este tópico que tanto me fascina.
O ponto é que durante a escrita eu fui indo para tópicos cujo a literatura clássica não menciona com tanta intensidade como saúde, esporte e tecnologia. Nestes parágrafos via que as referências bibliográficas ficavam mais escassas e me peguei refletindo: Paulo, o que você escreve é mais do que a felicidade, você escreve sobre a vida, aquela que faz sentido, só para você. Foi então que decidi seguir outros rumos e fazer uma reflexão pessoal sobre o que entendo ser uma vida boa. Para você, que lê? Talvez! Mas certamente para mim.
E aí, você se pergunta: mas o que me importa saber o que o Paulo pensa sobre vida e felicidade? Pois é… nada! Minha recomendação, caso você queira se aprofundar na temática, é beber da fonte, ou seja, ler os filósofos, estudá-los. No meu caso, o professor Clovis de Barros foi o grande facilitador e explicador que criou esta ponte, quando beber diretamente da água pareceu me difícil demais, dado a complexidade dos pensamentos destes (experimente ler Kant e entenderá… rssss).
Pois bem, caro leitor (e aqui me incluo). O que você eu e você vamos ler em breve (pois começo hoje esta nova jornada), é um texto que fiz pensando em solidificar os conceitos do que considero uma vida boa e feliz, e novamente, é apenas a junção do que aprendi e vivenciei. Afinal o Paulo é só mais um na fila do pão, fila esta que assim como eu, se mistura a outras mais de 7 bilhões de pessoas no planeta Terra, que se mistura a outros mais bilhões de planetas que orbitam outras bilhões de estrelas. Portanto, ao tomar a decisão de ler o que virá daqui em diante, lembre-se do quão insignificante o autor é.
E pra começar, aproveito a introdução do texto, quase acadêmico que comecei a escrever, e ao longo das próximas semanas vou adicionando mais a respeito.
O que é felicidade?
O dicionário define a felicidade como um estado de bem-estar e utiliza como sinônimo a palavra alegria. Uma boa definição é a de Clovis de Barros que cita que felicidade é aquele momento que você não quer que acabe. Parece uma definição simples e poderíamos encerrar esta introdução por aqui, mas ao lembrar que o que nos trouxe felicidade no momento presente não necessariamente vai continuar trazendo felicidade no momento futuro, percebemos que precisamos aprofundar mais.
Clovis utiliza maravilhosamente uma história sobre pamonha, neste popular vídeo, para ilustrar o fato que a primeira, segunda e terceira pamonha não te causam a mesma felicidade. Comer é um bom exemplo de algo que nos trás felicidade, mas basta pensarmos que continuar comendo exageradamente nos leva a tristeza para entender que a felicidade dura enquanto aquele momento ainda é prazeroso e não necessariamente, ao repetirmos o mesmo prato que nos alegrou teremos este mesmo instante de prazer.
Poderíamos ficar com esta simples definição, mas me vem em mente um outro exemplo: Você colocou como meta escalar o Everest, durante dias você sofreu, em alguns momentos (raros) você aproveitou a jornada, mas a felicidade mesmo sempre esteve muito clara para você: estava em alcançar o cume. Portanto, poderíamos concluir que a felicidade não estava na trajetória, pois se desejo ou espero algo que ainda não tenho (a pamonha, o nosso nobre exemplo, o pico do Everest), só poderia alcançar a felicidade quando o objeto de desejo fosse alcançado. Se escalar o Everest leva dias e permanecer no cume dura poucos minutos (se não você morre congelado lá em cima), poderíamos concluir que passamos mais tempo infelizes do que propriamente felizes?
Ó céus, ó vida! Felicidade parecia ser uma definição tão simples, não é verdade? Vamos com calma, aos poucos vamos caminhando juntos e descobrindo mais a respeito desta tal felicidade. Há no entanto a necessidade de nivelarmos expectativas. Em um mundo de tweets e áudios em 2x, há o anseio por respostas e receitas rápidas, se esta é a sua expectativa, minha sugestão é que você já termine a leitura por aqui e lance mão da leitura do termo no dicionário ou caso queira um pouco mais, utilize o ChatGPT. Em 1 minuto, sua curiosidade será saciada. O objetivo aqui é dissertar, refletir e pensar criticamente, sem a pretensão de esgotar todas as possibilidades.
Sigamos adiante, sabendo que a simplificação da felicidade como um instante que vale por si só é importante, mas como em uma peça de teatro, ou um bom filme, ler o seu resumo na Internet, não lhe proporcionará a mesma alegria do que estar presente e atento enquanto a trama se desenrola.